Quino
Para o ano o acesso à cultura (museus, monumentos & outros) ficará mais cara e as "borlas" de domingo certamente também irão cair por terra.
Em Portugal o que é bom e bonito é pagar impostos (estupidamente altos e socialmente injustos) sem esperar (leia-se "ter") qualquer tipo de regalias sociais (incluindo o acesso à cultura), mas apenas com o simples propósito - ao jeito de punição por mau comportamento - de pagar as dívidas do estado e de quem vive à sua custa.
Alguns (incluindo funcionários dessas instituições e outros iluminados) dirão, indignadíssimos, de dentes afiados como um cão que se sente ameaçado de ficar sem osso para roer:
- "que se lixem esses pobretanas que não querem pagar pela cultura, quando vão às discotecas também não pagam?! Quando vão ao cinema também não pagam?! Então se querem ir a um museu paguem e não bufem que isto não é o da Joana e lá fora também se paga e muito mais!!! (pois não, não são da Joana, são património nacional, são herança histórica, são de quem cá vive, são dos contribuintes, são do povo que todos os dias paga impostos, para entre outras rubricas do Orçamento de Estado, os manter abertos, e não podemos ter comparações com "lá fora", nem em termos de qualidade ou quantidade de espólio, nem de preservação, nem de nível de vida/dinheiro nas carteiras)"
Outro dirão, de ombros encolhidos, de sorriso semi-desdentado e coçando a cabeça com o polegar (como um símio a tentar perceber como um cubo cabe num buraco em forma de triângulo):
- "Valham-nos os piqueniques grátis da cadeia de hipermercados em associação ao cantor pimba que isso é que é cultura!! Ah, claro, e também o futebol!!!"
Eu infelizmente, direi, sem qualquer tipo de orgulho: "valha-nos o British Museum (and god save the queen!)"
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