Como poderia eu começar se o que apenas me interessava era o fim, o producto acabado, o resultado? Como poderia eu desenhar ou construir a estrada se a minha sede era de apenas sentir o alcatrão já usado e seguro, com marcas de travagem a indicar as curvas perigosas, mais facilmente respeitáveis que meros avisos e sinaléticas do senso comum? Como poderia eu arriscar, se sempre me deixei guiar pelo confortável e pelo sentido de oportunidade apurado?
A verdade, se é que existe realmente uma, é que me vou sempre safando, e também, que amo profundamente, da maneira mais pura e verdadeira que conheço - simplesmente hilariante - as coisas, sinto por isso que conheço bem as bases em que se constrói e destrói o amor e também que a minha inépcia ditará (sempre) o seu fim. Será isto choradinho de misericórdia ? Será um apontar do dedo ao espelho ? Será o eterno complexo de culpa de que todos padecemos, mais ou menos, de forma intensa ?
Claro que não, são apenas merdas que eu penso, diariamente, por norma sempre antes do almoço, por isso, deve ser fome.
(quando mistificamos o sentido das coisas, encontramos significado em tudo)
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