Na parte imaterial do ser humano encontrei isto:
"...Lembro-me bem - quase tanto como do teu sorriso, da ternura do teu toque e do cheiro da tua pele - dos jantares perfeitos, de mesa composta, pratos, copos e talheres, de bases de pratos e de tachos, preservando a mesa da cozinha ou sala, e dos guardanapos que toscamente colocava nos copos, como se a moldura tivesse de ser perfeita. Cozinhávamos amor em lume brando, eu e tu, revezados consoante o tempo, a vontade, tudo de sabor intenso. Recordo receitas de peixe, carne, sobremesas, doces e abraços enquanto se mexia o arroz.
Não passa um dia que não recorde, por mais que pareça impossível, e dá um certo reconforto saber que é assim, embora doa, porque quando é verdade não se esquece, não se apaga, não se substitui ou mata, se fosse fácil, ilusão ou deslumbramento atirava-se para trás das costas ao primeiro beijo alheio, mas não, todos os dias lá estás tu, de novo, e em silencio digo: amo-te... e penso que amor assim deveria estar exposto no Louvre, para todos verem, admirarem e sentirem.
Não passa um mês que não recorde datas - faça contas - ou um sitio/situação que não sinta a tua falta, ou algo novo, qualquer situação que não tenhamos vivido em que não pense como seria contigo, como gostaria de ser chato e explicar-te o motivo, a razão e funcionamento. A partilha será eterna, porque os almas são peças perdidas de um grande puzzle, e duas peças iguais não se juntam, mas as nossas diferentes encaixavam na perfeição, tais como os corpos, um ao lado do outro, perfeitos.
Parece e soará sempre a loucura, exagero, eloquência, mas sinceramente, e convicto das minhas totais capacidade mentais - por si só uma falácia - Isso importa ? Isso impede que seja verdade ? A minha verdade é só uma e confesso que é amor, foi e será sempre amor...
... e quando é amor damos tudo, e quando damos tudo, resta-nos nada, e é com esse nada que temos de continuar..."
O amor, os sentimentos, são incêndios descontrolados com que as pessoas gostam de brincar, reduzidos á dimensão de fósforos...
(e depois...)
JOÃO E MARIA – (sem álbum de estúdio)
Chico Buarque – Sivuca, Chico Buarque
Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você
Além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock
Para as matinés
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim
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