Do Verão esperámos sempre o sol, e o calor, do amor a paixão, da vida a felicidade.
Em dúvidas fora-de-horas, o quotidiano lança a semente, a dúvida, a pulga atrás da orelha que nos impele a mexer-nos, a levantar os braços aterrados sobre a mesa, o emergir da cabeça por entre os ombros, o olhar no horizonte, o restart cerebral na forma de bifurcações mentais, pensamentos a percorrer o desconhecido, encruzilhadas, e a eterna pergunta: "será possível?"
A vida é pródiga em exemplos de sucesso e insucesso, de boas e más decisões e da causa-efeito desses atos, onde o arriscar é nublado e incerto: "podes perder tudo", mas onde o deixa-andar amordaçado acaba sempre num suspiro: "isto não é vida".
Arranjamos sempre desculpas para o nosso insucesso, e normalmente culpamos a conjuntura ou terceiros, arranjamos sempre factores externos ao esforço para explicar o sucesso dos outros, e olhamos para o nosso próprio sucesso, numa dicotomia bipolar entre o desacreditado "nem acredito na sorte que tive" ao egocêntrico "o azeite vem sempre ao de cima".
Vivemos assim, não num Submarino amarelo, mas dentro de uma enorme máquina de lavar roupa, num eterno programa da lavagem, onde num rodopio se misturam a incerteza e a tacanhez. A incerteza, do medo de perder tudo, de falhar, perante nós e perante os outros e a tacanhez do conforto de não sair do mesmo sitio, de não arriscarmos, de não saltarmos do balcão do bar - onde nos afundamos e refugiámos em copos meio-cheios - para a pista de dança, para mostrar e arriscar aquilo que somos e almejamos atingir, incluindo, se assim tiver de ser, de cair e de falhar.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.