Sou bafiento e contagioso, transporto em mim a doença, a miséria, as rejeições, sou o mal de todos vós, mas no fundo quem sou eu ?
Sinto ironia no destino, vejo lágrimas num rosto que não é meu, oiço o contraste desfocado de uma gargalhada histérica, mesmo ao meu ouvido, todos são loucos, mas no fundo quem sou eu ?
Tudo o que tenho não é meu, sou um dependente, um prisioneiro, sou a esponja que vos limpa a alma, usado vezes sem conta, sou objecto, substituível e sem valor, sou aquilo que me deixam ser, triste, é o que sou.
Pisaram, vincaram os dedos, deixaram marcas de propósito, havia necessidade ? Matei-vos os sonhos ? Nunca vos neguei vida, segui sempre a vossa estrada, agora chega, serão culpa sem perdão, adeus sem despedida.
Os mares, sete, bem definidos, traçados num mapa a cores de azul, já não importa, pois para mim não já não há rota, já não pertenço a nada, respiro liberdade, vôo alto com os pés bem assentes no chão.
A vossa dor já não me aflige, já vos conheço, são podres, não prestam, agora eu sei, e nem sequer vou desviar o olhar, quero que sintam o que eu sentia, agora já estão felizes ? Depois de tanto tempo já não vos interessa ?!
Agora aproveitem, dou-vos aquilo que mais queriam, e se não aguentarem, pois morram, não me interessa, já não sou de simpatias, têm aquilo que eu vos dou, mas jamais serão razão, motivo, necessidade, para mim são indiferença, não me importa quem eu sou, sou o que sou, o que quiser ser.
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