Eu e tu... mais um dia das nossas vidas comuns, incomuns das restantes, pensamos nós absortos na nossa realidade única e linda. Conheço-te bem a alma, sei a pessoa que és, conheço de cor o teu sabor, o teu perfume, e tu sabes quem sou, do mesmo jeito, não precisamos de o pensar... sabemos... não precisamos de o dizer... sentimos...
Não existem outros, só nós, as pessoas à nossa volta, os milhares espalhados pelo mesmo areal, ávidos de 4 ou 8 horas de Sol não passam de figurantes de uma peça qualquer, indiferente para o caso, e nós espectadores em toalhas juntas sob areia fofa, olhamos e apontamos defeitos... e rimo-nos disso, rimo-nos deliciosamente da vida e da felicidade que temos... das coisas simples como calções e fatos de banho ridículos, penteados, figurinhas e famílias socialmente funcionais que para nós são o contrario... e depois eu beijo-te e tu trincas-me a língua... e dizes-me ao ouvido coisas que me fazem corar... e eu faço o mesmo e tu disparas um angélico e impostor:
- "Parvo!"
E ris-te, provocante, mordendo o lábio inferior e dando-me um beliscão na barriga, cúmplices no crime do amor, julgados e culpados á pena máxima.
Fica-te bem a pele bronzeada (já te disse) – tão linda! - O Sol realça-te ainda mais a beleza, os teus olhos ficam mais brilhantes, e os lábios mais apetitosos, mas amo-te de igual forma, o máximo permitido pelos poetas, infinitamente... adoro beijar a tua pele salgada, e de fazer amor contigo ao chegarmos da praia, do hall de entrada para o quarto, com toalhas e roupas cheias de areia deixadas pelo chão despreocupadamente (limparemos os dois mais tarde), e depois do quarto para o chuveiro, onde o sal dos nossos corpos se dilui com a água tépida e o calor dos beijos...
"Nunca pensei que fosses real... meu amor..." digo-te eu, entrando em conflito com a realidade, como se fosse impossível ser tão belo e temesse, mesmo que por breves momentos, acordar apenas de um sonho...
Calas-me a boca com um beijo, de desejo, transformamo-nos em diabos arfantes, de respiração profunda e compassada, de corpos amantes, sedentos, devoramo-nos contra os azulejos de olhos fixos um no outro... indescritíveis… e dizes-me...
Lindo... Na linha dos teus posts mais antigos pelos quais eu passei os olhos e prometo ir visitá-los com mais tempo. Mais uma vez te digo que, com toda a sinceridade, vejo nos teus escritos muito do que vejo nos do José Luís Peixoto (espero que encares isto como um elogio, é um dos meus escritores preferidos): escreves de uma forma simples mas não simplista e transmites realidade naquilo que escreves... Não sei se já viveste isto ou não (coisa que nada importa, na verdade) mas escreves de uma maneira que enquanto lia o post estava a imaginar o que descrevias na minha mente. Claro que a protagonista era eu e o rapaz em questão era alguém que só eu sei mas vi tudo de uma forma tão nítida que parecia que o estava a viver naquele momento... E, mais incrível ainda, senti no meu coração o que sentiria se o estivesse realmente a viver... Senti mais ao menos o que senti quando li o "Morreste-me" e, ao fim da primeira página já estava debulhada em lágrimas porque estava a sentir que estava a viver aquilo... Palavras como as tuas são perigosas. Se vivessemos nos tempos do Nome Da Rosa, os teus escritos eram proibidos...
Como é óbvio não fico chateado, pelo contrário, é uma honra ser associado (não igualado) a um grande escritor do Mundo, ainda para mais, sendo a pessoa que é, o amigo Peixoto é um grande homem, um conhecedor e descodificador profundo da alma humana e sobretudo porque sinto que as tuas palavras são sinceras (desculpa-te de frente a um espelho se me estiveres a enganar :D), mas de qualquer forma tenho receio que possam transmitir a quem lê uma ideia errada, que aqui o Mr Anger é um pedante que se limita a escrever uma qualquer coisa lamechas ou provocadora e que lhes manda emails apenas porque quer receber a comentários a dizer "és o Saramago" (é um exemplo, um desenho, não é provocação).
Sem esquizofrenias, porque o reconhecimento é bom, sabe bem (principalmente o positivo, coisas do ego humano), mas o importante aqui é partilhar emoções, palavras, sempre foi, e acho que nos últimos tempos se sentiu uma comunhão pouco usual nas "internetes" entre quem passa deixa seu testemunho e fica cá por "casa" (de certeza que também apanhou esta Mel), ficaria feliz se pudesse ser um local, nem que apenas "num breve segundo" as pessoas pudessem ser livres e dizer o que lhes vai pela alma, sem medo de se sentirem julgadas, arremessadas de pedras, incógnitas (ou não) mas livres, sem se sentirem feridas por partilharem emoções e de dizerem "sim, sei do que fala, sinto o mesmo/já senti/já estive aí e doeu/foi bom" ou que até digam o contrario "não sei do que fala, é um parvo (estou magoado/a porque o meu amor me deixou)", ou mesmo que o sintam e não digam nada, ou que não o digam aqui e depois mandem um email a dizer apenas “obrigado” (como costumo receber) e se nesse espírito de partilha me derem a honra de ser eu a puxar a conversa, então estamos em sintonia... como já disse noutros "meios" aqui somos "todos" (quase todos para ser justo) cavalos livres, selvagens a quem alguns, injustamente, colocaram selas demasiado pesadas... nos só queremos correr... deixem-nos correr...
isto (blog) não é obrigatório ou reservado... é opcional (como as coisas boas da vida são)…