O que vem longe, no fundo é hoje, o que é fugaz, na verdade será sempre eterno, não há esconderijo para a mentira, nem sorriso falso que oculte a frustração e a tristeza. Os tiques são consequências, a vida é um livro que quanto mais avança mais páginas acrescenta à sua história, e mais evidentes são os os seus factos. Do silêncio e espaços em branco nascem os mitos coscuvilheiros, alimentados pelo medo e pela inquieta estupidez humana.
A vaidade é um vício, a felicidade e a tristeza estados de espírito momentâneos. Tudo é passageiro, tudo é eterno.
A luz vermelha acende-se, primeiro pálida, depois vermelho forte, viva, um pequeno círculo de energia que nos diz que estamos ligados aos 48V. Do outro lado do vidro alguém dá-nos o ok com a simbologia da mão fechada e do polegar para cima. Estamos sempre à prova, para connosco e para com os outros, dependentes do que sentimos, sabemos e somos, mas incrivelmente soltos no que concerne à escolha, o travão de mão é puxado por nós, a prisão é auto-infligida.
Tudo se resume a uma guerra interna de perfeição, fazer bem ou nem sequer fazer, o medo alicerçado na dúvida e na tentativa-erro, para fazer sempre melhor, mas o resultado mais puro diz-se que é sempre o que sai à primeira, sem remendos, directo, nascido da convicção, do momento, da inspiração e não da transpiração. Falhar, repetir, tentar de novo, tentar acertar, tentar ser perfeito, o mais perfeito, mas onde estão as nossas barreiras e como sabemos até onde elevar o limite, definir a nossa fasquia?
Talvez o mais sensato seja nem sequer definir limites, pois são eles que no fim, salvo seja, nos limitam.
É viver com o que se tem, fazendo disso uma alavanca e não uma forca.
As pessoas não mudam, adaptam-se.
Tanta coisa por dizer, gritar, mas totalmente absorto no que estou a sentir, se por um lado quero a mudança, e quero-a já, por outro sinto-me falso, como se vivesse em negação ou estivesse a mentir. O horizonte é agora só uma fachada, não há planos, os objectivos não existem, são só esboços, pensamentos, papelada avulsa empurrada para dentro de uma gaveta.
Gostava de te ter aqui, hoje, receber-te de braços abertos, ouvir de ti as novidades, mesmo que o resultado final fosse voltar ao abismo.
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