De tudo se faz uma tempestade, nasce um arrufo. Facilmente se destrói o prazer. Facilmente se aponta o dedo, dificilmente se esquece o amor, a paz, mas facilmente se apanha uma pedra, e atira-se, apenas para ver se quebra... para ouvir o barulho que faz ao estilhaçar a ténue vidraça que envolve o outro... que nos envolve a todos... que nós somos...
Parecemos todos fortes, queremos todos parecer demasiado fortes, demasiado perfeitos, demasiados únicos, quando nos devíamos preocupar apenas em sermos felizes, na partilha dos afectos, entremeados de alguns rasgos de ironia e mau humor, para dar tempero, mas ter como finalidade o prazer dos bons momentos, da cumplicidade, da convivência, custará tanto sermos felizes com pequenos gestos ? Não falo apenas de amor, falo de pessoas, de relações, de minutos, de tempo... falo de magoar e assumir o erro, pedir desculpa (desde que seja de forma sincera, não importa o número de vezes, todos nos erramos)... falo de honestidade... falo de verdade e respeito...
Esticamos sempre um pouco mais, só para ver se sai mais sangue, se sai mais dor das nossas almas, como se o mal que trazemos cá dentro nos saísse do corpo com esses devaneios furiosos contra os outros... mas não sai, só acumula ainda mais, e afasta-nos de quem no fundo mais queremos, de quem mais nós gostamos, como se estivéssemos por vezes sedentos de saber até que ponto podemos contar com eles... mas ninguém, por mais que goste de nós, por mais que nos estime, aguenta festas meigas de mãos cardadas... curiosa gente esta que habita este planeta... curiosa gentalha que nós somos, que sempre seremos (!?)...
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