No dia em que todos os burros se recusarem a puxar a carroça (seja qual for o motivo, justiça, cansaço, teimosia...), outros terão que a puxar por eles (consequência), ou então esta ficará parada - eternamente - no mesmo sítio (facto).
É tudo uma questão de percepção: quem somos, o que queremos, o que podemos fazer!
(o impossível cessa ao realizar-se)
Mais uma semana que começa com sol e passarinhos nos beirais, contentes de estarem vivos, entoando odes chilreantes entre o silêncio sepulcral do n°11 da Calçada da Ajuda e a cacafonia, ao fundo, dos demagogos em amenas ou acirradas cavaqueiras de carrocel, insurgidas a espaços apenas pelas sombras de um qualquer teatral dedo inquisidor bem levantado aos céus e um tom de voz mais colocado, destemido, triunfal, épico... mas estéril e inconsequente (como fica bem!).
As pernas andarilhas, as vozes enrouquecidas e as solas de sapato desgastadas durante o fim-de-semana já nem se notam entre aqueles que chegam agora ao trabalho, mudos e adormecidos, ou entre aqueles que agora de chinelos enviam gritos de ajuda em forma de esperançosos currículos electrónicos matutinos, ensonados, ou os que ainda descalços preferiram ficar abraçados à almofada, fugindo dos sonhos partidos... onde a esperança vive com ordem de despejo!
Esperavas algo de novo? (Nada, só um treze no Totobola)
DREAMER - "Crime of the Century"
Supertramp - Rick Davies, Roger Hodgson
Onde acaba a esperança começa o desespero... e onde este acaba, a indiferença.
O "nosso" PM vai falar hoje ao País, e em particular aos contribuintes (os principais interessados). Tal monólogo ditado será lido ao final da tarde pelas 19:15 (antes da dose semanal de futebol).
Vamos estar então de ouvidos bem abertos (estendendo tal gesto a outras partes do corpo, obviamente) para recebermos de forma passiva as novas tendências de austeridade para o próximo OUTONO/INVERNO, e que aparentemente, segundos rumores de bastidores, a grande novidade passa por usar os cintos ainda mais apertados!!
Dizem que depois de tal desfile de novas medidas, fica bem rematarmos indignados com algum comentário de resignação como por exemplo:
- "É a crise, o que é que se pode fazer..."
A minha opinião - bastarda - é que Portugal precisa urgentemente de uma mãe para lhe dizer, como qualquer mãe digna de o ser:
- "Meu filho, cuidado com as companhias, não devias andar metido com agiotas e vigaristas!!"
PORTUGAL, PORTUGAL - "Acto Contínuo"
Jorge Palma
Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória
Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta
Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças
Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
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