Difícil é tentar abrir portas ao contrário...
...Amor, tanto se escreve, tanto se sofre,
Tanto se bebe, pouco se come,
Sentimento imberbe, de rosto disforme,
Todos amamos, do rico ao pobre
Do que ama a vida, do que ama a morte,
Do azar a sorte, do fraco ao forte...
As vezes gostava que me tratassem como um louco,
como o louco que sou, não como o homem que finjo ser,
que me trouxessem comprimidos em bandeja,
com tigela e copo de água, e depois cair inerte,
na cama, balbuciando palermices, caindo no sono, tonto,
num sono dissimulado no soro, como se fosse partida.
As vezes procuro respostas, estou sempre atento,
mas só me falam de futebol e de egocentrismos,
é depressivo, talvez patológico, mas é real,
e dói como facas espetadas nas costas,
como agulhas cravadas na nuca,
mas o meu clube ganhou, por isso devo sorrir
e fui promovido lá na empresa, acho que devo festejar,
talvez abrir uma garrafa de espumante - em promoção -
não sei bem, não me habituo a esses ritos, talvez fingir, talvez fugir.
Se a vida fosse uma piada não percebia o seu sentido,
não me ria,
mesmo que fosse repetida ao expoente máximo todos os dias,
eu não me ria,
mas será que morria ? Talvez, pouco a pouco, dia a dia.
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