Hoje é o dia em que deixei de sonhar. Apenas hoje me apercebi como a vida nos engana, ou por outras palavras, como nós nos enganamos a nós próprios. Vivemos de peito aberto e sonhamos durante algum tempo, num tempo onde tudo parece ser sempre longe demais. Chegamos a pensar que um dia, o nosso futuro vai ser aquele com que sonhamos e nada nos irá impedir que assim seja, pois a nossa ilusão, disfarçada de vontade, é maior que tudo. A vida é difícil, andamos por aí a vaguear uns anos, indefinidos no tempo, imaturos, pouco racionais e demasiado emocionais, depois, de um momento para o outro, abrimos os olhos e somos confrontados com a nossa verdade, a vida que temos, o nosso presente, e somos esmagados pela frustração do que somos, tão distantes do futuro outrora sonhado, e esperado... Lentamente deixo cair a cabeça na almofada, sem pressas, sem espaço para mágoas ou arrependimentos. Amanhã é outro dia... pode ser que esteja vivo, pois sou um homem sem futuro, que vive num labirinto de emoções do passado, resignado e completamente dependente do presente que tenho, aquele que nunca quis, que nunca escolhi, mas que no final de tudo mereci ter, pois tudo fiz para que assim fosse.
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