Da tristeza se faz palavra
Quando a dor trespassa o peito
Quando sinto que a vida trava
Pára e arranca no meio
Na estrada das horas perdidas
São rectas de sonhos desfeitos
E curvas falsas, fingidas
De ócio, mentiras, receios
Por entre promessas quebradas
De caras que queremos esquecidas
De pessoas que entram e cravam
Punhais em costas já feridas
Da tristeza se faz a vida
Por entre sorrisos abertos
De copos meio-vazios
Manhãs em que não desperto
De dor se enche o abismo
De um corpo não encarquilhado
Um homem que quer ser proscrito
Um corpo semi-enterrado
De tristeza se alimenta a alma
Quando de dor nos alimentamos
Quando transportamos no peito a faca
A faca que em nós próprios espetamos
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