(olhos verdes serão sempre esperança)
Os olhos verdes sonolentos traziam consigo desejos evidentes de almofada, e o ímpeto dos tempos modernos de comunicar por sms com os seus pares. Uma jovem banal mostrava-se roliça ao vestir umas leggins pretas que permitiam ver entre as malhas repuxadas a cor da pele, puxando para si os olhares matutinos, os engravatados faziam contas de cabeça, ambicionando avidamente o próximo brinquedo tecnológico como se dele dependesse a vida, o homem comum dormitava sem sonhos na viagem
Saímos todos, aos soluços, em manada, desci a rua, e lá ia ela, só mais uma entre tantas, emitindo som de caixa de musica na calçada portuguesa em saltos altos de 24,99, imitação de pura pele, vestidinho Fabio Lucci (que luxo!) deixando no ar o travo efervescente do poliéster das meias de vidro, como se fosse ela a oitava maravilha do mundo, depois de mais de meia-hora desesperante em frente ao espelho na tentativa vã de chegar a um consenso sobre com que trapinhos devia parcialmente cobrir as curvas do corpo.
- "Vesti renda senhora, vesti renda!"
(e rodopiai louca em varão ao som de palavreado obsceno e do papel-moeda friccionado)
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