felicidade. verdade. amor. paixão. vodka. tequila silver. tequila gold. shots de absinto. praia. campo. lua. sol. guitarras. canções. sofás. colchões. chuveiros. suspiros. gargalhadas. sorrisos.
E auto-estradas sem fim, estradas nacionais secundárias de alcatrão derretido, percorridas de janela aberta, com o vento quente do Verão a soprar nos nossos pescoços, a fazer esvoaçar roupas e cabelos selvagens, de pele bronzeada de outros dias, intensos, óculos de sol a camuflar o brilho do sol, o brilho dos olhos, a minha mão a passar pela tua perna ao meter mais uma mudança, o motor a embalar esta nossa dança serpenteante por entre montanhas e vales, ou em rectas infinitas de planície, paisagens itinerantes pintadas de cinzento e verde, pintadas de cor de deserto, caqui, de horizontes azuis ou vermelhecidos, de restaurantes e cafés, de quartos de hotel, pousadas e albergues, onde chegamos cedo, onde chegamos tarde, de onde apressadamente fugimos para mergulhos em piscinas a aproveitar os últimos raios de sol do dia, desse dia, beijos ao pôr-do-sol, a repetir no próximo - na inevitabilidade do irrepetível - vivendo e aproveitando o presente, num acumular de sapatos e mochilas empoeirados de tanto andar, de roupa de praia ensopada de água do mar, bolsos cheios de areia da praia, de vestígios do crime de ser feliz, perante uma plateia de espectadores desconhecidos.
Tudo o que ficam são flashes, impulsos eléctricos que com o tempo vão deixando cair o sabor, e se transformam apenas numa imagem desfocada, onde nós estamos ao centro, e a que chamamos memórias, a que chamamos, saudade.
Lantejoulas cintilantes resplandeciam do teu decote, enquanto tentavas, de forma pouco dissimulada colocar o fio dos headphones por dentro da blusa. Impávido e sereno passeava o reformado, obstinado na tentativa vã de controlar o caos enfadonho em que se tornou a sua existência e corpo, e que internamente já lhe mostrava os sinais de falência. A jovem americana continua sem fazer puto de ideia do que é Portugal, apêndice de Espanha, desvio de rota, voto de must see do tripadvisor, irá comer sardinhas caras, beber cerveja barata e comprar souvenirs de cortiça. A jovem decotada afinal ouve musica moderna, aparentemente o Rock não abalou as novas gerações, tornou-se vintage na sua plenitude, obra, ouvintes e executantes.
Nada contra, haja dinheiro e saúdinha, cá se vai andando, dizem que vem aí bom tempo, quem me dera ter outra vez "vintanos".
Que mais sentiria o coração, na hora da arritmia sentimental, depois do alvoroço e das lágrimas perdidas na calçada, diluídas no lixo calcado de tantas vidas alheias, que diria eu, em próximos jantares de família e amigos, que desabafos ou palavras teria?
Haveriam certamente explicações para dar, frases feitas para ouvir, copos cheios para esvaziar, mas para que lado iria eu dormir, sonâmbulo sem-abrigo, e em que colchão me iria deitar?
Fariam sentido ou serviriam de amparo, as bengalas substitutas ao teu ombro? Vingaria-me nos lugares comuns, manifestações corriqueiras e previsiveis de um choradinho à laia de um "Gloria Gaynor" másculo ou escolheria as espirais silenciosas e apáticas dos processos auto-destrutivos?
Tudo faria sentido, mas nada significaria o mesmo, sem ti.
(Nunca significou)
Do quarto de hotel não se vislumbravam linhas no horizonte, apenas paisagens contrastantes de parques de estacionamento, prédios, esplanadas e montanhas de cume branco, e também a ténue memória de esperança anexa a ti.
As sandes low-cost de razoável valor nutricional saciavam um estômago vazio e a cabeça almejava um pouco mais de liberdade na presença de um saudoso sentimento de voltar a estar em casa.
Fazes-me falta... tanto quantas as vezes que o digo! (sempre)
LIKE A STONE - "Audioslave"
Cornell, Morello, Commerford, B. Wilk
On a cob web afternoon,
In a room full of emptiness
By a freeway I confess
I was lost in the pages of a book full of death;
Reading how we'll die alone.
And if we're good we'll lay to rest,
Anywhere we want to go.
In your house I long to be;
Room by room patiently,
I'll wait for you there like a stone.
I'll wait for you there alone.
And on my deathbed I will pray to the gods and the angels,
Like a pagan to anyone who will take me to heaven;
To a place I recall, I was there so long ago.
The sky was bruised, the wine was bled, and there you led me on.
In your house I long to be;
Room by room, patiently,
I'll wait for you there like a stone.
I'll wait for you there alone, alone.
And on I read until the day was gone;
And I sat in regret of all the things I've done;
For all that I've blessed, and all that I've wronged.
In dreams until my death I will wander on.
In your house I long to be;
Room by room, patiently,
I'll wait for you there like a stone.
I'll wait for you there alone, alone.
De que me vale ter os dias
Nas noites que são sem fim
Ao cabo das horas que passam
nas danças que danças sem mim
Onde se afiam as línguas já gastas
No tempo que dura o presente
Prisão das horas madrastas
Cliché de um futuro ausente
Onde se larga então o passado?
Mar turbulento em teus caracóis
Onde ainda me perco e afogo
Onde naufragámos os dois
...certas questões morrem solteiras (preguiça, amor, ódio, saudade e vingança), porém, se tudo se soubesse não se faziam perguntas, não se procurariam respostas, dentro e fora do que somos. Em certos dias, falta-me o ar, fisicamente, de “prensa no peito” e tudo a que tenho legitimamente direito, mesmo com tanto espaço, sufoco de liberdade, na ânsia de ter de regressar a essa prisão, que afinal apenas reside em mim, cárcere construído de raiz, tijolo por tijolo pelas minhas próprias mãos (culpa), cela de aparência modesta e populada de incertezas, de bibelôs de medo nas prateleiras, lençóis por desmanchar.
Suspiro “ais” ao vento e recordo também "suspiros", os bolos de elevadas calorias que tantas vezes comi em miúdo, e que me despertam para o corriqueiro pensamento de como o tempo passa depressa - e de como facilmente se perde tempo - se avançam ponteiros e se arrancam folhas do calendário, 10 anos foram ontem, 20 anos a semana passada, e o que fica guardado ? Pouco e mesmo assim vago. Resumo (e reduz-se) tudo a um pequeno novelo, condensado, (como uma gaveta cheia de quinquilharia, onde se guarda de tudo) de fotografias e filmes de pessoas, objectos, situações e sítios, mas que parecem sempre poucos, que parecem sempre não conseguir fazer jus a uma vida plena de emoções, como se mais se pudesse ter feito, como se mais pudesse ter sido possível de fazer, como se mais nada se pudesse acrescentar (de novo), como se o inverno tivesse vindo para ficar, frio e ameaçador, e eu de edredon por meter na cama mas já a sofrer de antecipação por o não ter posto e que, nesse medo, me perco e acabo por não pôr, sofrendo efectivamente do frio que tinha medo de sofrer.
Tenho tudo, sempre consegui tudo, mas abertamente falando, que tenho eu? Meia dúzia de conformismos burgueses, meia dúzia de manias revolucionárias, frases feitas, arrogância, desdém, algo a que chamo amor quando quero ser amado, pouco mais, nunca houve muito mais que isto, certamente...
Recordações, sempre elas, mas porquê guardar na memória, acontecimentos tão simples e aleatórios como encontrar um "pé de pato" da Churchill Makapuu nos seus tons originais, azul de ponta amarela, num passeio estival no principio da década de 90 perto da praia da Almagreira? Não faz sentido, era só um, ainda por cima um gigantesco "L" e nem sequer fiquei com ele... isso ou recordar com exactidão historias de outros, contadas ou vistas, melhor que os próprios. Nada disso é aparentemente útil ou utilizável, mas ironicamente, também sei coisas que nunca ouvi, vi ou conheci, mas sei o que contam, o que são, o que me querem dizer, tal como desconhecidos que sabemos serem fruta podre, confirmados na primeira trinca gulosa, cuspida de seguida, mostrando o verme que a devora.
Saudades, eternas saudades, saudades de "tio patinhas" e pipocas com açúcar debaixo de um alpendre de um quintal que já não existe, na companhia de um cão que já morreu, tenho saudades de pescarias hoje em dia impossíveis, de caminhadas pela praia cada vez mais improváveis...
(tive isso tudo um dia na palma da mão aberta, mas agora de mão fechada, tenho medo de a voltar a abrir, e não encontrar... nada)
* Sara também pensa assim, mas só nos dias em que a chuva vem e bate na janela virada para o rio (Douro)...
Porque insistimos nós, seres (por vezes) questionavelmente racionais em teimar que a felicidade e o amor não passam de meras equações matemáticas, explicáveis, conhecidas e de fácil execução? Será que nós, humanos espartilhados dos nossos ímpetos por regras, pensamos não passar de simples fotocópias uns dos outros, de diferenças minúsculas, de mais ou menos brilho, de mais ou menos definição ou ruído em grão de papel (definido manualmente ou de consequência directa, contigencial, do nível de toner)? Será que também pensamos que as emoções se definem de tal forma?
Será que assumimos que a felicidade e o amor podem ser repetidos, como quem segue uma receita de Cozido á Portuguesa ? Será assim tão redutor (que não se ofenda o cozido)? Será que as relações humanas e no seu expoente máximo, o amor, não passam de um juntar ordenado de hortaliças, batatas, carnes variadas, enchidos e temperos numa panela em que se obtém (quase sempre) o mesmo resultado que nos 10 cozidos anteriores ? Existirão realmente fórmulas de amar? E acreditamos nisso ? Poderemos nós repetir, fotocopiar, seguir a receita de sobremesa do adocicado de um determinado beijo com mil pessoas diferentes ? Será então um beijo sempre o mesmo beijo ? E a intensidade será também obtida por tais métodos ? Todos os beijos serão então passíveis de tirar o fôlego ? Saberão então ao mesmo todos os beijos copiados e formulados por tabela? Todos os beijos podem ser repetidos e catalogados como "um" se as pessoas forem "parecidas" (como os ingredientes do cozido)? Ou será que o que apenas importa é o gesto mecânico de beijar ?
Penso que não será necessário recorrer a bases técnicas ou teóricas de manuais de Ciências Humanas, para assumir - sem preconceitos - que será impossível replicar na exactidão emoções, gestos e momentos perfeitos (felicidade) com todas as pessoas que habitam neste planeta na via láctea "plantado", porque caso isso fosse possível, a felicidade estaria ao virar de todas as esquinas (cada caso é um caso/cada pessoa é única... banal, óbvio, senso comum... mas estará posto em prática ?)
Sabemos de antemão que somos todos vampiros (de dentadinhas na alma), sugamos um pouco de tudo das pessoas com quem nos damos e a quem nos damos, aproximamo-nos das pessoas que por algum motivo nos fazem sentir ligados a elas, coisas diversas, músculos proeminentes, pernas compridas, mamas grandes, boa na cama, bom na cama, gosta das mesmas drogas que eu, come os mesmos doces, é loura, é gorda, usa óculos, é bonita, é lindo, usa saia, fica bem de calções, tem cabelo encaracolado em tubinhos, sem tubinhos, é careca, é inteligente, lê livros, tem livros a decorar a estante da sala, faz-me rir, faz-me vir, tem conversa interessante, é rude, diz "prontos" e "pecebos", gosta de música, gosta de som, gosta de sexo tântrico, de rapidinhas, lê poesia, escreve poesia, faz filmes, vê filmes, entra em filmes, faz-me filhos, toca guitarra, toca-me no ponto g, faz ponto cruz, percebe de água e de luz, gosta de carros, tem mota, tem skate, anda a pé, faz desporto, vê desporto, é a favor do aborto e só acende o churrasco com acendalhas... (nem entremos pelo campo "tem as mesmas folgas que eu, não tenho mais ninguém/é o que há")
...mas será realmente possível que duas pessoas que possuam os mesmos itens de preferências da nossa lista, nos conseguem fazer sentir o mesmo, um olhar, um beijo, uma cumplicidade, uma relação (um amor!) e obter assim um mesmo resultado como quem mistura leite com cereais de pequeno-almoço ?
Serão então os cereais de marca “X” iguais aos da marca “Y” visto que na caixa dizem ter os mesmos ingredientes ? Mas se forem, então porque razão comemos sempre os mesmos ? E porque razão voltamos a correr ao supermercado quando a ingenuidade de que "tudo é igual" se desfaz à primeira colherada no prato cheio dos "outros mais baratos que custam só metade"?
É no mínimo perturbador pensar que se pega no Francisco e na Isabel et voilá, felicidade, e depois pega-se no Francisco e na Teresa, na Isabel e no Ricardo, ambos de gostos semelhantes, aplica-se a fórmula mágica da felicidade e do amor e obtemos o mesmo resultado! Faz sentido ?! Seremos todos cereais da mesma marca e feitio ? Onde entram os de "marca branca" ? Sabemos que o amor e a felicidade são coisas complexas... difíceis de atingir... trabalhosas... mas então porque motivo estamos nós colocar a fasquia tão baixa ? Porque motivo colocamos as coisas em planos tão simplistas ?
Resumo profilático, poético, sincero, sem objectivo de toldar pessoas, mudar hábitos/criar mudança... (e sem coisas de almas-gêmeas, destinos e outros...)
"Os beijos de ontem, não podem ser iguais aos beijos de sempre, num amor de cereais de pequeno-almoço com banda sonora de pianos, frases feitas do passado que assim soltas perderam o seu sentido, pois estão fora do seu casulo, de jantares falsificados, com o retomar dos vícios ao sabor de música incomum, dos amigos inimigos e extemporâneos que nos sugam compaixão por serem egoístas de afectos e sedentos do amor que nunca sentiram - e invejam - em películas revisitadas que no fundo jamais serão iguais, embora sejam as mesmas, com os mesmos actores e enredos, com risos e beijos parecidos nos mesmos locais, fotocopiados, imitados nos mesmo pontos fixos do GPS, mas que obviamente já não são os mesmos. O passado, ferida aberta, assassina do sabor da vida quando não foi em vão, quando foi amor, aquele amor, o expoente máximo do amor, palavra sentimento e razão de ser, existir... e por isso... podemos rir, acreditar com convicção que somos felizes, enchendo a cabeça de repetições, formulas ou de ilusões, mas aquela sensação estranha no peito que não sabemos bem o que é, estará sempre presente, tal como o último pensamento antes de adormecermos, todos os dias, que nos diz baixinho, com a nossa própria voz: ____________... "
Sejamos então felizes... porque o amor é luta, é guerra de homens/mulheres convictos do seu valor... ou esqueçamos então estas linhas e continuemos impávidos e serenos a repetir e a acreditar em fórmulas de felicidade em loop... felizes a comer os indigestos e baratos cereais de segunda escolha... o que importa, afinal, é ter a boca cheia... não é ?
ROMEO AND JULIET - "Making Movies"
Dire Straits - Mark Knopfler
A lovestruck Romeo sing a streetsuss serenade
Laying everybody low with a lovesong that he made
Finds a convenient street light steps out of the shade
Says something like you and me babe how about it?
Juliet says hey it's Romeo you nearly gimme a heart attack
He's underneath the window she's singing hey la my boyfriend's back
You shouldn't come around here singing up at people like that
Anyway what you gonna do about it?
Juliet the dice was loaded from the start
And I bet and you exploded into my heart
And I forget the movie song
When you gonna realise it was just that the time was wrong Juliet?
Come up on different streets they both were streets of shame
Both dirty both mean yes and the dream was just the same
And I dreamed your dream for you and now your dream is real
How can you look at me as if I was just another one of your deals?
When you can fall for chains of silver you can fall for chains of gold
You can fall for pretty strangers and the promises they hold
You promised me everything you promised me thick and thin
Now you just say oh romeo yeah you know I used to have a scene with him
Juliet when we made love you used to cry
You said I love you like the stars above and I love you till I die
There's a place for us you know the movie song
When you gonna realise it was just that the time was wrong Juliet?
I can't do the talk like they talk on the TV
And I can't do a love song like the way it's meant to be
I can't do everything but I'd do anything for you
I can't do anything except be in love you
And all I do is miss you and the way we used to be
And all I do is keep th beat and bad company
All I do is kiss you through the bars of a rhyme
Juliet I'd do the stars with you any time
Juliet when we made love you used to cry
You said I love you like the stars above I'll love you till I die
And there's a place for us you know the movie song
When you gonna realise it was just that the time was wrong Juliet?
A lovestruck romeo sings a streetsuss serenade
Laying everybody low with a lovesong that he made
finds a convenient streetlight steps out of the shade
Says something like you and me babe how about it?
(vale a pena ouvir em formato de qualidade, as lágrimas que rolem durante a sua audição - caso existam - serão humanas, facilmente enxutas pelas mangas da camisola ou guardanapo de papel)
"Não fales mais... não fales demais... meu amor... deixa-me sentir-te a alma, sei que é estúpido dizer isto, parece conversa de poeta aprisionado em quarto almofadado… mas sei que percebes o que digo...
Deixa-te estar só assim, aconchegada, o tempo que quiseres ter o teu corpo nos meus braços... deixa-me passar a mão pelo teu cabelo, prendê-lo suavemente atrás da orelha, e sentir a tua respiração... és linda aos meus olhos (será que realmente o sabes ?)... e eu só quero estar assim, a ver-te ali, perfeita nesse imagem... nem sei bem como o dizer, como explicar a paz e o amor.
Acho que estamos numa sala qualquer, num sofá, talvez o teu, ou talvez no conforto desconfortável dos assentos paralelos do carro, com travão de mão ligeiramente aliviado e manete das mudanças engatada em terceira, mas isso são questões físicas, descartáveis para a ocasião, que pouco importam...
Serás sempre a minha princesa (acho que não aceitas isso)... e a memória do toque da tua pele não basta... mas tem de servir...
Demasiado doce... demasiado suave... realmente demasiado bom para ser verdade...
Não me belisques já... por favor... só mais 5 minutos..."
Hoje o dia está bom... Bombeiro, nunca foi uma profissão que quis ter... Terrenos, devia ter investido e fiz mal... Malucos, o que todos julgamos ser... Sereias, nunca vi nenhuma nem nunca gostei da figura em si... Sinais de trânsito, ora aí está uma coisa que gosto, especialmente dos que estão cravados de stickers de surf, ou que estão marcados pelo tempo... Temporais, e os saudosos filmes no sofá enrolado num cobertor contigo...
E pronto, lá se vai o meu raciocínio... outra vez.... Por mais que o ocupe, por mais que tente, porque tudo acaba sempre assim... sempre em ti... finjo e fujo como um rio que se quer longe do mar, serpenteando por entre os vales, fugindo do seu destino, tentando abrigar-se em terra, atirando-se do alto, formando uma cascata, querendo a todo o custo encontrar uma barragem que lhe pare o movimento, que o deixe respirar, descansar, mas não... não há barragens nem buracos onde se esconder – volto sempre a ti – volta sempre ao mar... e se em ti não tenho o meu lugar, então que seja o mar a minha casa...
... que Deus e o Diabo me façam de parvo eu aceito, mas não me faça eu tolo de mim... as coisas podem estar mesmo à nossa frente...e mesmo assim não as conseguirmos ver... shiuuu!! ;)
(Já me fazia falta esse teu sorriso
Custava vivê-lo só ao recordar
Fazia-me falta teu porto de abrigo
Os corpos fundidos num só abraçar)
Já vinhas!
Vieste?
Fazias-me falta
Não sei se soubeste
Não sei se me ouviste
Nas noites baixinho
Sentado na praia
Esperando sozinho
Perdi-te!
Voltaste?!
Será que vieste
Ou nem o tentaste?
Talvez fosse cedo
E não tenhas esperado
Ou chegaste tarde
E eu já noutro lado
Fugiste?
Esqueces-te?
Senti-te por perto
Mas tu não cedeste
Sem olhos brilhantes
Nem peso dos beijos
Sem risos nem choros
Matando os desejos
Chegaste!
Foi duro?!
Esquecido o passado
Rasgando o futuro
Contigo a meu lado
Num beijo só nosso
O toque dos lábios
Molhados,
Sedosos,
Sedentos de nós,
Bocas ofegantes
Que se querem juntas
Como nunca antes
Teu corpo, meu corpo
No abraço de sempre
Amor, meu amor...
Só importa o presente
E (o) amor... mudaste ?!
Que importa...
Ainda bem que voltaste
WISH YOU WERE HERE - "Wish You Were Here"
Pink Floyd - Gilmour/ Waters
So, so you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue skies from pain
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?
Did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
Did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?
How I wish, how I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found?
The same old fears
Wish you were here
Os homens não choram... que paneleirice!! Coisa de fracos, alguma vez iria chorar quando sinto falta do teu abraço, do teu corpo a puxar-me contra ti, do teu amor, do teu calor ?!
Alguma vez cairia na lamechice de verter lágrimas apenas porque queria estar ao pé de ti, em vez de longe, distante, separado por mensagens, telefonemas e chat's ?!
Seria eu capaz de ficar tão triste e deprimido que desatava a chorar como uma criança privada do seu brinquedo favorito só porque ao chegar da noite, quando regresso cansado do trabalho sei que volto para uma casa vazia, em silêncio - pois não falo com as paredes - tenho um jantar singular - qualquer merda serve - e que na hora de dormir vou sentir-me ainda mais sozinho, porque sem ti não é igual, sem ti (a vida) dói tanto…
Claro que sim, choro como uma menina agarrada as saias da mãe...
E de repente... embora de forma esperada, acaba-se o sonho, e a cabeça dói de tanto pensar como foi (tão) bom, como foi demasiado bom, como foi além das marcas, como vivemos sem amarras, nem que por um segundo, num breve segundo em que estivemos acima de tudo, de todos, das regras, das lógicas, em que fomos maiores que a própria vida, fomos liberdade, fomos tempo, fomos o dia pelo dia.
Fizemos nesse tempo o que nos deu na real gana - e que ganas nós tínhamos - se vivermos para contar aos netos - se os viermos a ter - não iremos contar (jura-me!)… pois é nosso, ninguém merece ouvir, nunca ninguém irá perceber (e no fim até faz mal, porque tanta felicidade, tanta liberdade, deprime quem nunca a teve)... talvez quando estivermos muito esclerosados o façamos por descuido próprio da doença, mas nunca de forma deliberada, fomos além das marcas... mesmo que só por um segundo... um breve segundo diluído neste marasmo em que a vida se parece tornar, em que nos sufoca, rebaixa... vida onde outrora saltámos, voámos além dos limites...
Mas agora, inevitavelmente, estamos a voltar com os pés ao chão, e sentimos o peso das coisas, e talvez nunca mais os voltemos a tirar de lá... do chão... cravados pela inércia... pelo peso da própria vida... é possível que para sempre... mas ao menos voámos, nem que por um segundo... o breve segundo mais feliz das nossas vidas… obrigado!
Faz um ano que partiste, e estás ainda tão presente, na tarde anterior, quando te vi pensava que estava preparado para tudo, mas nunca estamos, não sei se te apercebeste, mas fiquei de rastos, o Mundo desabou em 2 segundos, recomposto (se é que isso era possível) tentei que baixasses os braços, que parasses com essa teimosia, mas depois percebi que estavas no controle de tudo e completamente sereno com isso, fui talvez o primeiro a aperceber-me disso, penso que tenhas visto nos meus olhos, no sorriso de paz que trocamos, no mutuo abanar de cabeça e encolher de ombros horas antes de partires, de certeza que viste e sentiste o replicar da tua pessoa em mim e algo se passou nesse dia, mais forte e mais sentido do que viria depois, porque depois já não estavas lá, porque depois partiste, mas sabes bem, sabemos os dois que nos despedimos nessa tarde, sem choros, sem dramas, apenas paz nessa cumplicidade, foste leal com os teus princípios e é isso que diferencia os homens, os lideres, os que seguem e os que são seguidos, os que marcam os outros para a vida e que os perdura para a eternidade, a sua capacidade para viverem a vida ao sabor da sua vontade, ao som da sua própria pauta. Sinto a tua falta, sentimos todos, sentimos tanto...
Poucas coisas nos sabem tão bem como quando matamos a sede, quando matamos a fome, e poucas nos satisfazem tanto como dormir quando temos sono, como deitarmo-nos mais um pouco quando estamos cansados, 0s famigerados 5 minutos transformados em horas de sono reconfortante, mas nada me faz mais falta que o AMOR, nada me faz mais falta que a tua presença, mesmo quando odeio tudo o resto, tu fazes-me falta, faz-me falta sentir-te por perto, sentir-te num abraço, num aperto dos meus braços e de te ver adormecer...
ALL YOU NEED IS LOVE - "Magical Mystery Tour / Yellow Submarine"
The Beatles - Lennon/McCartney
Love, love, love, love, love, love, love, love, love.
There's nothing you can do that can't be done.
Nothing you can sing that can't be sung.
Nothing you can say but you can learn how to play the game
It's easy.
There's nothing you can make that can't be made.
No one you can save that can't be saved.
Nothing you can do but you can learn how to be in time
It's easy.
All you need is love, all you need is love,
All you need is love, love, love is all you need.
Love, love, love, love, love, love, love, love, love.
All you need is love, all you need is love,
All you need is love, love, love is all you need.
There's nothing you can know that isn't known.
Nothing you can see that isn't shown.
Nowhere you can be that isn't where you're meant to be.
It's easy.
All you need is love, all you need is love,
All you need is love, love, love is all you need.
All you need is love (all together now)
All you need is love (everybody)
All you need is love, love, love is all you need.
e num qualquer rádio a pilhas se sintoniza:
"... o céu hoje encontra-se cinzento e nublado na zona das terras altas, mais propriamente sobre a cabeça, com alguma precipitação na zona dos olhos, espera-se agravamento das condições atmosféricas para o final da noite, com melhoria geral quando raiar o novo dia, a seguir na emissão, trânsito..."
e fez-se silêncio, terá o mundo acabado ou foram as pilhas... os dois talvez... digo eu
" De momento não estou em casa, deixe a sua mensagem e o seu contacto depois do sinal, mais tarde entrarei em contacto consigo... BIIIIIP !!"
"...Pedi-te para me deixares entrar no teu Mundo, que parecia tão perfeito, pelo menos era o que eu pensava, e de fora era isso que parecia, mas apesar de nem sequer saber bem ao que ia, fui... e como fui ingénuo..
Talvez a culpa não tenha sido minha, é que por vezes somos induzidos em erro, vendem-nos utopias baratas, lembras-te ? Inundam-nos os ouvidos de frases feitas: " quem não arrisca não petisca", "é claro que consegues, força, estou contigo", arrisquei, não petisquei nada, e sinceramente, se estavas comigo não te vi, devias estar no teu estado invisível, ou então foste comprar tabaco, por isso não estavas por perto para me ajudar.
Pelo menos sonhei e tentei, foi o que pensei depois, com mais calma, sozinho, mas pergunto a mim mesmo se terei pelo menos chegado a bater na porta certa, penso que sim, mas o mais provável é que não, se calhar nem a rua era aquela, é bem possível... de qualquer maneira, quem souber que se acuse, escreva uma carta, mande uma mensagem, telefone ou passe cá por casa, tenho sacos do lixo á porta e uns restos do que anteriormente se chamava de comida no frigorifico, se quiseres vir, serás bem-vinda, é o que importa não é ? Não faz mal se não vieres, não fico chateado, já me conformei com quase tudo...
Era bom que pelo menos desta vez estivesse no bom caminho, com um pouco de sorte, talvez as coisas até tenham corrido bem, mas mesmo assim, será que cheguei a algum lado ? O que consegui ? Por enquanto nada, se algo de bom está para chegar, ainda não chegou, e por isso ainda me sinto assim, entre 2 Mundos, numa prisão que eu próprio construí, sem ter paredes, grades ou alguém preocupado em ver se eu fujo (porque toda a gente sabe que eu não fujo), parece que estou destinado a este fim, este é o meu propósito e o meu lar, pelo menos até agora tem sido, infelizmente...
A noite promete ainda ser longa, por isso vou ligar a televisão e ver Tv-Shop, vou ficar ali desfalecido no sofá a ver alguém mentir-me deliberadamente nos olhos, a enganar-me, se ainda não me tiverem cortado o telefone, pode ser que encomende algo, e encontre uma voz, do outro lado, de alguém vivo, presente, delicado, espero eu... e pelo menos, desta vez sou eu que escolho ser enganado... eu estou bem, desculpa o incómodo, adeus..."
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.