Segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2022

O início das perguntas sem resposta

 

Onde começou tudo, onde começou o fim, onde acaba a história começada nos silêncios perturbadores e longos, cada vez mais frequentes, apenas interrompidos e intercalados pela trovoada das palavras, raios e coriscos que arremessámos à vez, um contra o outro, em guerra, num papel falso de argumentação, onde a lógica tenta ser lógica, mas que falha, repetidamente, e que nos revela apenas como meras pedras rolantes e errantes rumo ao abismo, a deslizarmos encosta abaixo, do paraíso para o inferno, ao ritmo da nossa própria desgraça.


Quando é que se cristalizou a ideia que afastados seriamos mais fortes e mais felizes, quem rasgou o contrato da felicidade e dos sonhos? A quem comprámos o plano que nos dizia que a salvação estaria lá fora, longe do que sempre fomos e sonhamos ser.


Onde falhámos? (ou o que falhou)

 


Mr Anger às 09:50
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Quinta-feira, 22 de Abril de 2021

Paisagens itinerantes (do amor)

 

felicidade. verdade. amor. paixão. vodka. tequila silver. tequila gold. shots de absinto. praia. campo. lua. sol. guitarras. canções. sofás. colchões. chuveiros. suspiros. gargalhadas. sorrisos.

 

E auto-estradas sem fim, estradas nacionais secundárias de alcatrão derretido, percorridas de janela aberta, com o vento quente do Verão a soprar nos nossos pescoços, a fazer esvoaçar roupas e cabelos selvagens, de pele bronzeada de outros dias, intensos, óculos de sol a camuflar o brilho do sol, o brilho dos olhos, a minha mão a passar pela tua perna ao meter mais uma mudança, o motor a embalar esta nossa dança serpenteante por entre montanhas e vales, ou em rectas infinitas de planície, paisagens itinerantes pintadas de cinzento e verde, pintadas de cor de deserto, caqui, de horizontes azuis ou vermelhecidos, de restaurantes e cafés, de quartos de hotel, pousadas e albergues, onde chegamos cedo, onde chegamos tarde, de onde apressadamente fugimos para mergulhos em piscinas a aproveitar os últimos raios de sol do dia, desse dia, beijos ao pôr-do-sol, a repetir no próximo - na inevitabilidade do irrepetível - vivendo e aproveitando o presente, num acumular de sapatos e mochilas empoeirados de tanto andar, de roupa de praia ensopada de água do mar, bolsos cheios de areia da praia, de vestígios do crime de ser feliz, perante uma plateia de espectadores desconhecidos.

 

Tudo o que ficam são flashes, impulsos eléctricos que com o tempo vão deixando cair o sabor, e se transformam apenas numa imagem desfocada, onde nós estamos ao centro, e a que chamamos memórias, a que chamamos, saudade.

 


Mr Anger às 11:20
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Domingo, 21 de Março de 2021

São Domingos

Pior que mal-fodido é mal-amado

 


Mr Anger às 18:15
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Terça-feira, 4 de Julho de 2017

O amor (é) de alguém


A verdade matemática não explicava nada, os anos das datas de nascimento impressos nos cartões de ambos não coincidiam, embora os meses estivessem caprichosamente perto e a década fosse a mesma. Não existem subterfúgios, a vida e os seus indecifráveis planos e circunstâncias, juntou-os, separou-os e inesperadamente juntou-os de novo, neste caso para unir, num acaso de pormenores e coincidências, pequenos jackpots do jogo da vida. A verdade é que alguém tinha medo de se dar, apenas porque já se tinha dado outras tantas vezes e as mesmas tantas vezes tinha-se dado mal. Alguém já não se queria dar mais - assim - porque a vida é de partilha e não de compromissos de "novela da noite" ou de espartilhos de liberdade.

Alguém jurou que nunca mais se permitiria a ser paquete turístico em escala no mar do amor, na pasmaceira da obrigatoriedade de uma média ponderada (indexada a uma qualquer Euribor de romance) de contactos diários e das recorrentes demonstrações de afecto para internautas & outros verem, e mesmo que a navegar ao sabor da maré, iria certamente afastar-se da correnteza naufragante dos ciúmes e das subsequentes figuras patéticas que por aí assombram.

Alguém aprendeu com alguém que o amor é uma coisa bonita, cheia de ingenuidades e castelos cor-de-rosa, mas não tão perfeito como anunciam, isso, alguém aprendeu com outro alguém. No fim a felicidade não se importa com definições estrangeiras de amor ou paixão.

Alguém reparou que a vida dá-nos sempre, se formos justos, aquilo pedimos e que de certa forma, fazemos por merecer. Alguém aprendeu a assumir e a não julgar os defeitos dos outros, a ser mais tolerante e a não estabelecer nas relações uma garantia vitalícia baseada em coisas que nos ultrapassam, mas apenas porque gostamos de estar com alguém que simplesmente ouve, sente e pensa em sintonia connosco, e que nos aceita, ou tolera, em quase todos os feitios, sobretudo nos péssimos, de manhã ao acordar e ao fim do dia, e que nos fazem sentir melhores pessoas, não apenas por palavras, mas nos pequenos e grandes gestos que nos fazem crescer, abraços e beijos que nos fazem sentir compreendidos, e porque não, amados...

 

...isso ou apenas mais uma bola de neve a deslizar do cume do Evereste!

 

 

YOU CAN'T ALWAYS GET WHAT YOU WANT - "Let It Bleed"

Richards / Jagger

 

I saw her today at the reception
A glass of wine in her hand
I knew she was gonna meet her connection
At her feet was footloose man
You can't always get what you want
You can't always get what you want
You can't always get what you want
But if you try sometimes well you might find
You get what you need
 
I went down to the demonstration
To get my fair share of abuse
Singing, "We're gonna vent our frustration
If we don't we're gonna blow a 50-amp fuse"
You can't always get what you want
You can't always get what you want
You can't always get what you want
But if you try sometimes well you just might find
You get what you need
 
I went down to the Chelsea drugstore
To get your prescription filled
I was standing in line with Mr. Jimmy
And man, did he look pretty ill
We decided that we would have a soda
My favorite flavor, cherry red
I sung my song to Mr. Jimmy
Yeah, and he said one word to me, and that was "dead"
I said to him
You can't always get what you want
You can't always get what you want
You can't always get what you want
But if you try sometimes well you just might find
You get what you need
You get what you need, yeah, oh baby
 
I saw her today at the reception
In her glass was a bleeding man
She was practiced at the art of deception
Well I could tell by her blood-stained hands
You can't always get what you want
You can't always get what you want
You can't always get what you want
But if you try sometimes well you just might find
You just might find
You get what you need
You can't always get what you want
You can't always get what you want
You can't always get what you want
But if you try sometimes you just might find
You just might find
You get what you need
 

Mr Anger às 23:40
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Quinta-feira, 29 de Junho de 2017

O mar enrolado em ti

 

Um dia subi contigo a um miradouro escondido, pequeno parque de estacionamento secreto, varanda natural sobre a praia, aí trocámos de corpos, diluímo-nos um no outro, amassados, ofegantes, completos. Nesse dia, sem me aperceber, guardei para a eternidade o teu sabor, o teu toque suave de mãos pequenas e delicadas, o teu perfume, a sensação da leveza do teu corpo no meu quadril. Vivi o sonho, trinquei o desejo, agarrei-me a ti até ao último vestígio na colher, lambida até ao metal, até ao último travo de cigarro, fumado até ao vazio, até à última gota no copo, bebida de um só trago, até cair, redondo, apático, numa overdose de ti.

 

Estaremos sempre por ali, num lugar secreto entre a maré cheia e a maré vaza

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Mr Anger às 01:28
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Domingo, 13 de Dezembro de 2015

Folhas arrancadas de um livro

 

Que mais sentiria o coração, na hora da arritmia sentimental, depois do alvoroço e das lágrimas perdidas na calçada, diluídas no lixo calcado de tantas vidas alheias, que diria eu, em próximos jantares de família e amigos, que desabafos ou palavras teria?

 

Haveriam certamente explicações para dar, frases feitas para ouvir, copos cheios para esvaziar, mas para que lado iria eu dormir, sonâmbulo sem-abrigo, e em que colchão me iria deitar?

 

Fariam sentido ou serviriam de amparo, as bengalas substitutas ao teu ombro? Vingaria-me nos lugares comuns, manifestações corriqueiras e previsiveis de um choradinho à laia de um "Gloria Gaynor" másculo ou escolheria as espirais silenciosas e apáticas dos processos auto-destrutivos?

 

Tudo faria sentido, mas nada significaria o mesmo, sem ti.

 

(Nunca significou)

 


Mr Anger às 18:45
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Segunda-feira, 27 de Abril de 2015

O amor habitual

 

Foi num estado de completo desespero que Pedro saiu e fechou a porta atrás de si, convicto que seria a última vez a fazê-lo, apoiando-se na teoria apressada da inevitabilidade das coisas. Quem não tivesse o hábito humano de observar faces – e assim reparar que tinha estado a chorar - facilmente apercebia-se, pela sinalética corporal agitada e confusa de quem desce os lances de escadas a galope - de 2 em 2 degraus desde o 5º andar, e cara em forma de seta - que algo não estava bem, e que  nesse preciso momento não existia mais nada atrás de si.

 

Ainda esperou que uma voz o tentasse deter, um: “Pedro espera, por favor, volta para dentro”, que ele obviamente retorquiria com o egocentrismo aliviado de um: “Não Joana, falamos depois”, era esse a táctica de um jogo não planeado, o habitual, mas desta vez nada existiu ao sair disparado pela porta, nem ao descer as escadas, ao fechar a porta do prédio, no trajecto que fez até ao carro, do carro para outro lado, no passar sequencial e vagaroso dos quilómetros, ao meter a chave noutra porta, ao ficar atónito e estarrecido no sofá. Nada. Apenas ouvia dentro de si as vozes de um caos que já estava bem instalado.

 

Pedro amava Joana, uma banalidade, Joana amava Pedro, algo que ele agora só queria ter novamente por certo.

 


Mr Anger às 09:30
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Quinta-feira, 23 de Abril de 2015

No estrangeiro também se diz saudade

 

Do quarto de hotel não se vislumbravam linhas no horizonte, apenas paisagens contrastantes de parques de estacionamento, prédios, esplanadas e montanhas de cume branco, e também a ténue memória de esperança anexa a ti.

 

As sandes low-cost de razoável valor nutricional saciavam um estômago vazio e a cabeça almejava um pouco mais de liberdade na presença de um saudoso sentimento de voltar a estar em casa.

 

Fazes-me falta... tanto quantas as vezes que o digo! (sempre)

 

LIKE A STONE - "Audioslave"

Cornell, Morello, Commerford, B. Wilk

 

On a cob web afternoon,
In a room full of emptiness
By a freeway I confess
I was lost in the pages of a book full of death;
Reading how we'll die alone.
And if we're good we'll lay to rest,
Anywhere we want to go.

In your house I long to be;
Room by room patiently,
I'll wait for you there like a stone.
I'll wait for you there alone.

And on my deathbed I will pray to the gods and the angels,
Like a pagan to anyone who will take me to heaven;
To a place I recall, I was there so long ago.
The sky was bruised, the wine was bled, and there you led me on.

In your house I long to be;
Room by room, patiently,
I'll wait for you there like a stone.
I'll wait for you there alone, alone.

And on I read until the day was gone;
And I sat in regret of all the things I've done;
For all that I've blessed, and all that I've wronged.
In dreams until my death I will wander on.

In your house I long to be;
Room by room, patiently,
I'll wait for you there like a stone.
I'll wait for you there alone, alone.

 


Mr Anger às 08:45
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Terça-feira, 17 de Junho de 2014

Obliterar (é preciso)

 

"Não obstante o discurso coerente pró direitos cívis e favorável aos ventos moderados de uma hipotética sociedade mais justa, a presente incorreu em prática de infracção punível com coima ao fazer-se deslocar em transporte público colectivo sem apresentar na sua posse título de viagem válido para o percurso, aquando da sua solicitação por parte de equipa de fiscalização (vulgo "picas").

 

"Para a próxima tens de obliterar Joana", pensei eu, cadavérico e velhaco, envolvido em tecidos vincados com ares de luxo italiano, reais obras primas da manufactura em série de uma qualquer fábrica do norte do país.

 

Um "conto" em moeda antiga nos dias de hoje? Não dá nem pra matar o vício dos malditos "garrets" fumados em cascatas densas de fumo.

  

- "Atinja-me por favor com um automático do euromilhões e um Ventil!"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DANTES - "78/82"

Tim - Xutos

 

Dantes o tempo corria lento meu
Dantes, matava-se o tempo teu
Fumava-se um cigarro
Matava-se o tempo
Bebia mais um copo
Matava-se o tempo
Segurava paredes
Matava-se o tempo
Poliam-se calçadas
Matava-se o tempo

 

Dantes o tempo corria lento meu
Dantes, matava-se o tempo teu
Mas tudo isto passou
Foi o tempo que me matou!

 

Dantes o tempo corria lento meu
Dantes matava-se o tempo teu
Fazia-se um curso belo
Dentro do tempo
Fazia-se um namoro
Tudo a seu tempo
Arranjava-se casa
Ao mesmo tempo
Fazia-se uma vida
Dentro do tempo

 

Dantes o tempo corria lento meu
Dantes matava-se o tempo
Mas tudo isto passou
Foi o tempo que me matou!


Mr Anger às 00:31
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Terça-feira, 6 de Maio de 2014

Non, rien de rien (non, je ne regrette rien)

 

Como poderia eu começar se o que apenas me interessava era o fim, o producto acabado, o resultado? Como poderia eu desenhar ou construir a estrada se a minha sede era de apenas sentir o alcatrão já usado e seguro, com marcas de travagem a indicar as curvas perigosas, mais facilmente respeitáveis que meros avisos e sinaléticas do senso comum? Como poderia eu arriscar, se sempre me deixei guiar pelo confortável e pelo sentido de oportunidade apurado?

 

A verdade, se é que existe realmente uma, é que me vou sempre safando, e também, que amo profundamente, da maneira mais pura e verdadeira que conheço - simplesmente hilariante - as coisas, sinto por isso que conheço bem as bases em que se constrói e destrói o amor e também que a minha inépcia ditará (sempre) o seu fim. Será isto choradinho de misericórdia ? Será um apontar do dedo ao espelho ? Será o eterno complexo de culpa de que todos padecemos, mais ou menos, de forma intensa ?

 

Claro que não, são apenas merdas que eu penso, diariamente, por norma sempre antes do almoço, por isso, deve ser fome.

 

(quando mistificamos o sentido das coisas, encontramos significado em tudo)

 


Mr Anger às 10:31
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Sábado, 27 de Julho de 2013

Mare nostrum

 

De que me vale ter os dias

Nas noites que são sem fim

Ao cabo das horas que passam

nas danças que danças sem mim

Onde se afiam as línguas já gastas

No tempo que dura o presente

Prisão das horas madrastas

Cliché de um futuro ausente

Onde se larga então o passado?

Mar turbulento em teus caracóis

Onde ainda me perco e afogo

Onde naufragámos os dois

 

 

 


Mr Anger às 21:00
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Quinta-feira, 28 de Março de 2013

Memória de Ferro (O.s.p.e.n.M.r.p.v.é.T.)


"A páginas tantas da vida, se me tivesses dito que o Mundo tinha sido invenção tua, eu tinha acreditado, não por ser lógico, mas sim pelo estado irracional dos momentos, não duvidaria que todas as coisas grandiosas que existem pudessem ter tido em algum momento o toque dessas pequenas mãos talentosas, por tanto acreditar nelas e nas palavras enfeitadas de ornamentos linguísticos, tiques, convicções e portões de castelo escancarados.

 

Tu, só tu, no fim das contas, acreditando que o amor existe e tem escala, quantidades mensuráveis, recordes, então foste tu, foste e sinto que serás sempre tu o meu limite. Há muito que já desapareceram as tuas marcas, os teus vestígios físicos já foram suave ou abruptamente diluídos pelo tempo, já não apanho cabelos teus na roupa de casa ou da rua, o teu perfume há muito que já abandonou a minha pele, as vidas já seguiram outros caminhos, o verão já terminou e as colchas de inverno são puxadas agora para outro destino, mas continuas presente, onde te guardo junto de outras tantas boas memórias, que prova que o amor nunca se apaga mas que mal (di)gerido pode facilmente tornar-se em doença incurável, patologia mental a roçar a loucura se por ela nos deixarmos dominar, deslocando-nos o centro de gravidade para mais perto do chão, arrastando-nos, colocando-nos de joelhos subservientes à dor, atacando-nos permanentemente de forma impiedosa sempre que a impossibilidade de um beijo se torna num doloroso facto consumado na nossa cabeça e que abraços e momentos se figuram como irrepetíveis, sufocantes, meras fotografias mentais cada vez mais esbatidas ou consumidas, em chamas."

Será então esse o lugar digno para um amor maior, um punhal cravado que teima em sair das nossas costas? Um mero resultado doloroso da sua privação? A consequência directa de uma jogada salvadora que ficou por fazer? Uma auto-punição constante por um qualquer esquizofrénico "erro crasso" que nos levou a sucumbir ao xeque-mate?

O tempo diz-nos que de nada servirá essa razão, a filosofia barata ou a irracionalidade de tentar apagar ou autopsiar os factos, a seu tempo, com paciência e sabedoria isso soará apenas a escape de quem tenta a todo o custo não querer sofrer. No fim, se não cedermos à loucura, ao devaneio, veremos que o que nos resta será sempre e inequivocamente apenas amor, mesmo que já extinto, datado, e aparecerá sempre, mesmo que não se queira, na imagem do sorriso do outro, da sua maneira de ser, da sua beleza, inteligência ou sentido de humor, memórias conjuntas e felizes de um passado que  estranhamente, ou felizmente, depois de aceite já não provoca qualquer tipo de dor, angústia ou desespero, apenas uma espontânea e passageira saudade expressa fisicamente num por vezes inoportuno sorriso parvo de quem recorda um momento de felicidade em segredo:

"Nada amor, estava só a lembrar-me de uma coisa engraçada, então e afinal, sempre passamos no supermercado?"

(E são essas memórias que nos fazem bem à vida)


Mr Anger às 12:10
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Terça-feira, 28 de Agosto de 2012

Os contribuintes (ou os bois chamados pelos nomes)

Pouco sentido fará a contestação, a tentativa de mudança e a revolta, porque nos dizem que hoje em dia já não existem ideais. E pouco sentido fará a justiça, porque nos dizem que disso nunca houve. Pouco sentido fará o amor, porque afinal de contas dizem-nos que isso é coisa mal-inventada para explicar o inexplicável, os saltos acrobáticos de hormonas animalescas não visíveis a olho nu e que sobretudo as relações hoje em dia já não funcionam, que são obsoletas, antiquadas, fora de moda. Pouco sentido farão também as palavras, porque nos dizem que afinal de contas já foi tudo dito e/ou feito, e que a novidade – se surgir! - será sempre uma réplica barata do original. Pouco sentido fará sonhar, porque nos dizem que isso é bonito, mas principalmente tolo, infantil e ingénuo. Pouco sentido fará tentar ser feliz, ou mesmo ser feliz, porque nos dizem que já o somos, e que a vida é "mesmo assim". Pouco sentido fará ter filhos, porque nos dizem que o mundo se tornou demasiado perigoso, caro e que eles são um empecilho, estranguladores das nossas preciosas vidas singulares e atarefadas. Pouco sentido fará exijir que as Artes sejam sinónimo de qualidade ou tragam dentro de si alguma mensagem, porque nos dizem que elas são apenas um negócio, e que as pessoas já não gostam de cinema, só de filmes, já não gostam de música, só de batida, já não gostam de teatro, só de novelas, já não gostam de livros, só de vampiros e demais títulos sugestivos, e que por isso qualquer coisa serve para entreter. Não faz sentido tentar fazer algo de útil, ou tentar ser reconhecido apenas pelo nosso talento e trabalho, porque nos dizem que basta apenas aparecemos num reality show insípido, no caça-talentos da moda, na internet a fazer/dizer parvoíces. Não faz sentido querer vestir uma camisa aos quadrados ou uma t-shirt às riscas, porque nos dizem que a moda de hoje é vestir camisa às riscas e t-shirt aos quadrados. Não faz sentido querer ter um bom emprego, querer ter um horário, ou esperar um contracto de trabalho, uma habitação a preço justo, porque nos dizem que isso era no antigamente, no tempo das "vacas gordas". Não faz sentido exigir um serviço nacional de saúde universal, um acesso livre e igualitário ao ensino, um estado social, uma reforma, porque nos dizem que isso é uma utopia, que é a crise e que nós somos os culpados. Não faz sentido sermos honestos, verdadeiros ou querermos mudar o mundo, porque nos dizem que ele sempre foi assim, perverso, onde uns quantos poderosos mandam e subjugam, e uns quantos milhões obedecem, resignados, e vivem no limbo dos desafortunados, a matarem-se entre si, de costas voltadas, desunidos, fraticídas.

Sejamos então esse povo bom, o bom povo que temos de ser, ordeiros, e vamos contentar-nos com isso uma vida inteira, sobrevivendo, dando graças aos tempos modernos onde "uma sardinha felizmente já não tem de ser dívidida por 4 e onde já toda a gente tem televisão", e vamos continuar assim, entretidos pela inveja ao carro em 2ª mão do nosso vizinho a proporcionar a boa vida que outros nos reclamam e exigem pelo suor do nosso esforço, vamos contribuir e calar, acompanhar a novela da 4 e o talk show da 3, e seguir a dieta da revista para mulheres, e a fofoca na revista com nome de mulher, e comentar a mulher boa que vinha nas paginas centrais da revista para homens, na conversa inflamada entre homens por causa de golos com bolas que não entraram e foras-de-jogo mal assinalados comprovados mais tarde em grafismo vectorial por tasqueiros doutorados que aparecem em programas para lá dos 90 minutos de jogo, e continuemos assim, a desfazermo-nos do nosso ouro à mixórdia agiota propangandada pelo sorriso mentiroso de uma qualquer cara conhecida, a pagar o nosso dízimo constitucional sem exijir ou esperar direitos, vivendo no medo, e cantarolando o melhor mega-hit de sempre (dos próximos 2 meses) que as rádios vomitam em playlist, autênticos peões kamikaze no xadrez da vida, com as cabeças inundadas de confusão, vazio, pressão e de bolsos cheios de aplicativos informáticos que nos transformam em automátos de ultimo grito (e obviamente, socialmente bem aceites).

E no fim, porque somos seres humanos e contribuintes, e as aparências da liberdade forçosamente precisam de existir, de tempos a tempos empenhamos o nosso cartão de cidadão com veemência, e de olhos rasgados de esperança assinamos em cruz - entre direitas e esquerdas de forma alternada - o nosso destino, o nosso triste fado.

Para alguns isto continua a fazer todo o sentido... (pudera!)



Mr Anger às 12:30
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Terça-feira, 15 de Junho de 2010

Amor em formol

 

Uma vez, por uma vez, escrevi-te um poema, coisa singela e pequena, confesso, já fiz, possivelmente, bem melhor ou mais pomposo, mas por vezes são momentos, e sabes bem que nunca tenho por adquirida essa razão injusta de quantidade ser qualidade (nunca me fez o género), as palavras podem ser parcas mas ricas de sentimentos, de alma, como se junto delas pudesse não ir só a razão de as escrever, mas também um pouco de mim, um pouco mais do que apenas dedos a premir teclas com intuito de soarem bem quando lidas em voz alta ou naquela discreta voz muda, apenas mordiscada suavemente pelos lábios, num escritório pouco dado a emoções ou num quarto abafado de memórias de vida curta, com música semi-alta a tocar no fundo (apenas porque sabe bem extravasar as emoções e gritar alto: "estou viva").

 

Nesse dia pensei em ti, e nesse dia pensei em nós, e hoje, aqui, olhei para trás e vi que no teu lugar estava outra...

 

 

(... mas o poema permaneceu teu) 

 

 

 

   

 
 
LOVE ME TWO TIMES - "Strange Days"

The Doors - Robby Krieger

 

 

Love me two times, baby
Love me twice today
Love me two times, girl
I'm goin' away
Love me two times, girl
One for tomorrow
One just for today
Love me two times
I'm goin' away

Love me one time
I could not speak
Love me one time
Yeah, my knees got weak
But love me two times, girl
Last me all through the week
Love me two times
I'm goin' away
Love me two times
I'm goin' away 
All right, yeah! 

Love me one time
I could not speak
Love me one time, baby
Yeah, my knees got weak
But love me two times, girl
Last me all through the week
Love me two times
I'm goin' away

Love me two times, babe
Love me twice today
Love me two times, babe
'Cause I'm goin' away
Love me two time, girl
One for tomorrow
One just for today
Love me two times
I'm goin' away
Love me two times
I'm goin' away
Love me two times
I'm goin' away

 

 


Mr Anger às 19:00
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Domingo, 7 de Março de 2010

Silêncios ensurdecedores

 

"Shiu!" era tudo o que António queria ouvir, um "cala-te" transmitido em forma de abraço, sem beijo ou palavras, e assim nesse silêncio talvez conseguir encontrar conforto e respostas, aspecto onde aparentemente as bocas e as palavras falhavam de forma redundante.


"...Tenho-te aqui a meu lado
do lado esquerdo do peito
a pensar em ti eu acordo
a sonhar contigo me deito..."


Mas da pueril inocência do seu amor desfeito surgiam apenas dúvidas, e tudo o que lhe saía da alma eram coisas sem sentido ou por demais revisitadas, como os poemas "ABAB" deprimentes que escrevinhava nos cantos dos envelopes das contas por pagar, pontos de vista desfocados, pouco objectivos, dispersos, gritos de revolta que  não queria calar, mas que ela já não estava mais lá para ouvir, sentada no cadeirão de verga a apanhar os primeiros raios de sol da manhã enquanto ele espremia laranjas para o pequeno-almoço, ou no sofá da sala, na cama, na imperfeição da escolha de copos e talheres diferentes na mesa do jantar, pois saiu, porta fora, com escova de dentes e parte dele dentro da mala de campismo vermelha, roçada das aventuras, com poeira do último verão Algarvio e um coração desenhado por dentro a esferográfica azul, com as iniciais separadas por um "+", recordações de brincadeiras adolescentes das suas vidas adultas e sonhadoras... pois agora ela não estava mais ali, saiu, senhora de si, formalmente distante, longe das calças de desporto e top domingueiros, confiante no que fazia, cada vez mais longe, nessa espiral de escadaria até ao piso térreo do prédio, e António ali ficou, desolado, de braços caídos, rosto cabisbaixo numa surda tempestade de desilusões, vencedor totalista de uma viagem só de ida até ao inferno (sem sequer lançar aposta), sem direito ao prazer de sentir prazer, a espera que um dia, por compaixão ou desprezo, ela lhe entregasse a parte dele que levou com ela, e que, da forma mais pura de todas, ele partilhava...


 - “Calma António, calma!! Respire fundo, beba um copo de água, tome um calmante, o amor não existe, é apenas um artifício, espalhe a semente meu amigo, espalhe a semente…”

 - “Mas eu amo-a!!”

 - “Ama-a...?! Sabe lá você o que diz... seja um homenzinho, cresça... isso da monogamia e amor eterno são coisas do tempo da outra senhora, faça pleno usufruto de tudo a que tem direito, incluindo, obviamente, das mulheres... não seja tacanho...”


E um punho cerrado perfez uma curva no ar, acabando, de forma abrupta nessa boca (supostamente) sábia, seguido de um chorrilho de impropérios demasiado obscenos - mas óbvios - desencadeados pelos elevados níveis de testosterona e também, a bem da verdade, de indignação...

 

 - "Se eu digo que a amo é porque a amo!!! Guarde para si a panaceia dessas tretas pós-modernas, quero Romeu e Julieta de Shakespeare, percebe ?!?! PERCEBE?!?!?”

 

 

E que mais podia dizer o doutor naquela situação, se não dizer que sim, e posteriormente, pôr-lhe uma acção em Tribunal...

 

 

 


OUVI DIZER
 - "O Monstro Precisa de Amigos"

Ornatos Violeta - Manuel Cruz
 

Ouvi dizer que o nosso amor acabou
Pois eu não tive a noção do seu fim
Pelo que eu já tentei,
Eu não vou vê-lo em mim
Se eu não tive a noção de ver nascer um homem
 

E ao que eu vejo,
Tudo foi para ti
Uma estúpida canção que só eu ouvi
E eu fiquei com tanto para dar!
E agora
Não vais achar nada bem
Que eu pague a conta em raiva!
 

E pudesse eu pagar de outra forma

 

Ouvi dizer que o mundo acaba amanhã,
E eu tinha tantos planos pra depois!
Fui eu quem virou as páginas
Na pressa de chegar até nós;

Sem tirar das palavras seu cruel sentido
Sobre a razão estar cega,
Resta-me apenas uma razão,
Um dia vais ser tu
E um homem como tu,
Como eu não fui,
Um dia vou-te ouvir dizer:  
 

E pudesse eu pagar de outra forma! Sei que um dia vais dizer
E pudesse eu pagar de outra forma!

 

A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte,
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas,
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura,
Ora amarga, ora doce,
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!

 

 


Mr Anger às 17:45
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Quarta-feira, 14 de Outubro de 2009

Beijos igual a mil - (ad II)

 

 

Porque insistimos nós, seres (por vezes) questionavelmente racionais em teimar que a felicidade e o amor não passam de meras equações matemáticas, explicáveis, conhecidas e de fácil execução? Será que nós, humanos espartilhados dos nossos ímpetos por regras, pensamos não passar de simples fotocópias uns dos outros, de diferenças minúsculas, de mais ou menos brilho, de mais ou menos definição ou ruído em grão de papel (definido manualmente ou de consequência directa, contigencial, do nível de toner)? Será que também pensamos que as emoções se definem de tal forma?

 

Será que assumimos que a felicidade e o amor podem ser repetidos, como quem segue uma receita de Cozido á Portuguesa ? Será assim tão redutor (que não se ofenda o cozido)? Será que as relações humanas e no seu expoente máximo, o amor, não passam de um juntar ordenado de hortaliças, batatas, carnes variadas,  enchidos e temperos numa panela em que se obtém (quase sempre) o mesmo resultado que nos 10 cozidos anteriores ? Existirão realmente fórmulas de amar? E acreditamos nisso ? Poderemos nós repetir, fotocopiar, seguir a receita de sobremesa do adocicado de um determinado beijo com mil pessoas diferentes ? Será então um  beijo sempre o mesmo beijo ? E a intensidade será também obtida por tais métodos ? Todos os beijos serão então passíveis de tirar o fôlego ? Saberão então  ao mesmo todos os beijos copiados e formulados por tabela? Todos os beijos podem ser repetidos e catalogados como "um" se as pessoas forem  "parecidas" (como os ingredientes do cozido)? Ou será que o que apenas importa é o gesto mecânico de beijar ?

 

Penso que não será necessário recorrer a bases técnicas ou teóricas de manuais de Ciências Humanas, para assumir - sem preconceitos - que será impossível replicar na exactidão emoções, gestos e momentos perfeitos (felicidade) com todas as pessoas que habitam neste planeta na via láctea "plantado", porque  caso isso fosse possível, a felicidade estaria ao virar de todas as esquinas  (cada caso é um caso/cada pessoa é única... banal, óbvio, senso comum... mas estará posto em prática ?)

 

Sabemos de antemão que somos todos vampiros (de dentadinhas na alma), sugamos um pouco de tudo das pessoas com quem nos damos e a quem nos damos, aproximamo-nos das pessoas que por algum motivo nos fazem sentir ligados a elas, coisas diversas, músculos proeminentes, pernas compridas, mamas grandes, boa na cama, bom na cama, gosta das mesmas drogas que eu, come os mesmos doces, é loura, é gorda, usa óculos, é bonita, é lindo, usa saia, fica bem de calções, tem cabelo encaracolado em tubinhos, sem tubinhos, é careca, é inteligente, lê livros, tem livros a decorar a estante da sala, faz-me rir, faz-me vir, tem conversa interessante, é rude, diz "prontos" e "pecebos", gosta de música, gosta de som, gosta de sexo tântrico, de rapidinhas, lê poesia, escreve poesia, faz filmes, vê filmes, entra em filmes, faz-me filhos, toca guitarra, toca-me no ponto g, faz ponto cruz, percebe de água e de luz, gosta de carros, tem mota, tem skate, anda a pé, faz desporto, vê desporto, é a favor do aborto e só acende o churrasco com acendalhas... (nem entremos pelo campo "tem as mesmas folgas que eu, não tenho mais ninguém/é o que há")

 

...mas será realmente possível que duas pessoas que possuam os mesmos itens de preferências da nossa lista, nos conseguem fazer sentir o mesmo, um olhar, um beijo, uma cumplicidade, uma relação (um amor!) e obter assim um mesmo resultado como quem mistura leite com cereais de pequeno-almoço ?

 

Serão então os cereais de marca “X” iguais aos da marca “Y” visto que na caixa dizem ter os mesmos ingredientes ? Mas se forem, então porque razão comemos  sempre os mesmos ? E porque razão voltamos a correr ao supermercado quando a ingenuidade de que "tudo é igual" se desfaz à primeira colherada no prato cheio dos "outros mais baratos que custam só metade"?

 

É no mínimo perturbador pensar que se pega no Francisco e na Isabel et voilá, felicidade, e depois pega-se no Francisco e na Teresa, na Isabel e no Ricardo,  ambos de gostos semelhantes, aplica-se a fórmula mágica da felicidade e do amor e obtemos o mesmo resultado! Faz sentido ?! Seremos todos cereais da mesma marca e feitio ? Onde entram os de "marca branca" ? Sabemos que o amor e a felicidade são coisas complexas... difíceis de atingir...  trabalhosas... mas então porque motivo estamos nós colocar a fasquia tão baixa ? Porque motivo colocamos as coisas em planos tão simplistas ?


 

Resumo profilático, poético, sincero, sem objectivo de toldar pessoas, mudar hábitos/criar mudança... (e sem coisas de almas-gêmeas, destinos e outros...)

 

"Os beijos de ontem, não podem ser iguais aos beijos de sempre, num amor de cereais de pequeno-almoço com banda sonora de pianos, frases  feitas do passado que assim soltas perderam o seu sentido, pois estão fora do seu casulo, de jantares falsificados, com o retomar dos vícios ao sabor de música incomum, dos amigos inimigos e extemporâneos que nos sugam compaixão por serem egoístas de afectos e sedentos do amor que nunca sentiram - e invejam -  em películas revisitadas que no fundo jamais serão iguais, embora sejam as mesmas, com os mesmos actores e enredos, com risos e beijos parecidos nos mesmos  locais, fotocopiados, imitados nos mesmo pontos fixos do GPS, mas que obviamente já não são os mesmos. O passado, ferida aberta, assassina do sabor da vida quando não foi em vão, quando foi amor, aquele amor, o expoente máximo do amor, palavra sentimento e razão de ser, existir... e por isso... podemos rir, acreditar com convicção que somos felizes, enchendo a cabeça de repetições, formulas ou de ilusões, mas aquela  sensação estranha no peito que não sabemos bem o que é, estará sempre presente, tal como o último pensamento antes de adormecermos, todos os dias, que nos  diz baixinho, com a nossa própria voz: ____________... "

 


Sejamos então felizes... porque o amor é luta, é guerra de homens/mulheres convictos do seu valor... ou esqueçamos então estas linhas e continuemos impávidos e serenos a repetir e a acreditar em fórmulas de felicidade em loop... felizes a comer os indigestos e baratos cereais de segunda  escolha... o que importa, afinal, é ter a boca cheia... não é ?

 

 

 

ROMEO AND JULIET - "Making Movies"

Dire Straits - Mark Knopfler


A lovestruck Romeo sing a streetsuss serenade
Laying everybody low with a lovesong that he made
Finds a convenient street light steps out of the shade
Says something like you and me babe how about it?

 

Juliet says hey it's Romeo you nearly gimme a heart attack
He's underneath the window she's singing hey la my boyfriend's back
You shouldn't come around here singing up at people like that
Anyway what you gonna do about it?

 

Juliet the dice was loaded from the start
And I bet and you exploded into my heart
And I forget the movie song
When you gonna realise it was just that the time was wrong Juliet?

 

Come up on different streets they both were streets of shame
Both dirty both mean yes and the dream was just the same
And I dreamed your dream for you and now your dream is real
How can you look at me as if I was just another one of your deals?

 

When you can fall for chains of silver you can fall for chains of gold
You can fall for pretty strangers and the promises they hold
You promised me everything you promised me thick and thin
Now you just say oh romeo yeah you know I used to have a scene with him

 

Juliet when we made love you used to cry
You said I love you like the stars above and I love you till I die
There's a place for us you know the movie song
When you gonna realise it was just that the time was wrong Juliet?

 

I can't do the talk like they talk on the TV
And I can't do a love song like the way it's meant to be
I can't do everything but I'd do anything for you
I can't do anything except be in love you

 

And all I do is miss you and the way we used to be
And all I do is keep th beat and bad company
All I do is kiss you through the bars of a rhyme
Juliet I'd do the stars with you any time

 

Juliet when we made love you used to cry
You said I love you like the stars above I'll love you till I die
And there's a place for us you know the movie song
When you gonna realise it was just that the time was wrong Juliet?

 

A lovestruck romeo sings a streetsuss serenade
Laying everybody low with a lovesong that he made
finds a convenient streetlight steps out of the shade
Says something like you and me babe how about it?

 

(vale a pena ouvir em formato de qualidade, as lágrimas que rolem durante a sua audição - caso existam - serão humanas, facilmente enxutas pelas mangas da camisola ou guardanapo de papel)

 

 

 


Mr Anger às 15:00
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Sexta-feira, 10 de Julho de 2009

Retroactividades (concisas)

 

 

 

Blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá


Amo-te!!

 

(Diga hoje, sem rodeios, o que devia ter dito ontem... senão o que vai ter para calar amanhã ?)

 

 

 

COMMUNICATION BREAKDOWN - "I (Led Zeppelin)"

Led Zeppelin - Bonham/Jones/Page
 

Hey girl stop what you're doin'!
Hey girl you'll drive me to ruin.
I don't know what it is that I like about you
But I like it a lot.
Won't let me hold you
Let me feel your lovin' charms.

Communication Breakdown
It's always the same
I'm having a nervous breakdown
Drive me insane!

Hey girl I got something I think you ought to know.
Hey babe I wanna tell you that I love you so.
I wanna hold you in my arms, yeah!
I'm never gonna let you go,
'Cause I like your charms.
 

Communication Breakdown
It's always the same
I'm having a nervous breakdown
Drive me insane!
 

I want you to love me all night...
 

Communication Breakdown
It's always the same
I'm having a nervous breakdown
Drive me insane!
 

I want you to love me all night
I want you to love me
I want you to love...yeah! I want you to love!

  


Mr Anger às 10:00
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Segunda-feira, 29 de Junho de 2009

Artigo descontinuado (ruptura de stock)

 

Not For Sale / Não Se Vende

 

 

"Estimados Clientes,
 
Devido á elevada procura do artigo ("My Love/O Meu Amor") vimos por este meio informar que o artigo em causa encontra-se actualmente em ruptura de stock por ter sido descontinuado por parte do fabricante, e que segundo o próprio se deveu ao facto do mesmo se encontrar obsoleto e inadequado  às actuais exigências do mercado, não nos tendo sido fornecida qualquer informação adicional sobre a previsão de chegada de novas encomendas, ou mesmo de nova produção (ou substituição).
 
Aproveitamos este comunicado para também desmentir os constantes rumores que as últimas unidades do artigo viriam a estar disponíveis para venda num futuro próximo a preço reduzido, em campanhas de "leve 2 pague 1" ou com desconto em período de saldos.
 
Não obstante este facto, pelo qual somos totalmente alheios, pedimos desculpa pelo incómodo causado e aconselhamos V.Exas. a passarem pela secção de novidades, onde poderão encontrar alternativas mais recentes, actualizadas e já em conformidade com as leis vigentes e que servirão as mesmas necessidades (possivelmente até de forma mais eficiente).
 


Gratos pela atenção dispensada,
 
 
Com os nossos melhores cumprimentos
 
 
  
 

A Gerência"

 


Mr Anger às 19:28
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Domingo, 28 de Junho de 2009

O hoje é presente/dádiva

 

Já sei que isto não se pede, e que mais tarde ou mais cedo acabamos sozinhos a gritar um com o outro e que já existem por aí alminhas a afinar pianos para tocarem a marcha fúnebre no tom mais negro de todos, quando essa hora chegar, esse fim pelos vistos mais que definido. Já nos avisaram disso de todas as maneiras possíveis, que não vai dar certo, que não pode dar certo, até no horóscopo daquela revista de fofocas que a tua mãe costuma comprar e que tinhas perdida no teu carro, debaixo do assento do pendura, apenas acessível do banco de trás... lembras-te certo ?!

 

Também já sei que vamos sofrer, vamos sofrer imenso e que vamos chamar nomes um ao outro e possivelmente mandar coisas à cara, físicas e verbais (não somos inexperientes nessas lides) e que depois disso tudo, de nos amarmos e zangarmos, regressaremos cabisbaixos à compaixão recalcada dos nossos amigos de sempre, que com ares de pais sisudos nos vão apontar o dedo e dizer:

 

- "eu tinha-te avisado que isso ia acontecer, sabes bem que no fim dependemos sempre de nós! Os/As homens/mulheres são todos/todas iguais, é tudo uma cambada de cabrões/putas!!"

 

E muito mais "blá blá blá" sobre coisas que já ouvimos vezes demais, lengalengas sabidas de cor e salteado, e que nós até já lemos de relance em estudos de suplementos da imprensa escrita semanal ou diária... mas... se isso de facto já está escrito, certo e bem definido para amanhã... que tal aproveitar o hoje com tréguas, sem fogo inimigo e amigo, sem mais explanações sobre coisas aborrecidas, egocêntricas e no fim, desoladoras e sem sal... será que nos podemos salvar ?!

 

Não é preciso muito, apenas o habitual, só um bocadinho, como temos feito sempre... um abraço e um beijo, um adoro-te sentido (para não atropelarmos o amor e o que ele significa, e manter assim o peso leve da paixão sobre os ombros) e um jantar à luz do candeeiro da sala... vá, eu faço o jantar e levo o vinho, faz-nos só esse favor, esse  jeitinho, e direi como nas promessas de criança, inocentes e verdadeiras, que "se me salvares prometo que te salvo a ti", de todas as maneiras possíveis e assim ficamos quites... e felizes... já nos traçaram e mataram o futuro, mas será que pelo menos podemos viver (e aproveitar) o presente?!

 

 


(E ao telefone, por entre palavras, com e sem nexo, convergentes de carinho, surgem os estrangeirismos... ao qual nosso amor é nativo)

 

- "Queres matar saudades de mim mon amour ?!"

- "Oui oui, toujours!"

 

 

 


SAVE TONIGHT
 - "Desireless"

Eagle Eye Cherry
 

Go on and close the curtains
All we need is candlelight
You and me and a bottle of wine
Going to hold you tonight

We know I'm going away
How I wish....wish it weren't so
Take this wine & drink with me
Let's delay our misery

Save tonight
And fight the break of dawn
Come tomorrow
Tomorrow I'll be gone

There's a log on the fire
And it burns like me for you
Tomorrow comes with one desire
To take me away....it's true
It ain't easy to say goodbye
Darling please don't start cry
'Cause girl you know I've got to go
Lord I wish it wasn't so

Save tonight
And fight the break of dawn
Come tomorrow
Tomorrow I'll be gone

Tomorrow comes to take me away
I wish that I......that I could stay
Girl you know I've got to go
Lord I wish it wasn't so

Save tonight
And fight the break of dawn
Come tomorrow
Tomorrow I'll be gone....

 


Mr Anger às 15:14
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Quarta-feira, 24 de Junho de 2009

Coisas que acontecem entre as 24:00 e as 08:00

 

"Não fales mais... não fales demais... meu amor... deixa-me sentir-te a alma, sei que é estúpido dizer isto, parece conversa de poeta aprisionado em quarto almofadado… mas sei que percebes o que digo...

 

Deixa-te estar só assim, aconchegada, o tempo que quiseres ter o teu corpo nos meus braços... deixa-me passar a mão pelo teu cabelo, prendê-lo suavemente atrás da orelha, e sentir a tua respiração... és linda aos meus olhos (será que realmente o sabes ?)... e eu só quero estar assim, a ver-te ali, perfeita nesse imagem... nem sei bem como o dizer, como explicar a paz e o amor. 

 

Acho que estamos numa sala qualquer, num sofá, talvez o teu, ou talvez no conforto desconfortável dos assentos paralelos do carro, com travão de mão ligeiramente aliviado e manete das mudanças engatada em terceira, mas isso são questões físicas, descartáveis para a ocasião, que pouco importam...

 

Serás sempre a minha princesa (acho que não aceitas isso)... e a memória do toque da tua pele não basta... mas tem de servir...

 

Demasiado doce... demasiado suave... realmente demasiado bom para ser verdade...
 

 

Não me belisques já... por favor... só mais 5 minutos..."

 


Mr Anger às 07:55
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